Terça-feira, 6 de Julho de 2010

A crise de Portugal vista do estrangeiro versus como os portugueses lidam com a forma como falam de nós

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

Diz Miguel Esteves Cardoso no Público de 20 de Maio de 2010 que “o costume é ligar de mais ao que os estrangeiros dizem de Portugal, reagindo com fúria ou condescendência. Mas sempre reagindo. E sempre de mais.

Na versão mais tuga, discute-se com o autor como se ele estivesse sentado à mesma mesa que nós: «Não, Mr. Wilson, as nossas cachopas não andam descalças porque não têm dinheiro para comprar sapatos. Será porventura assim com os súbditos de Her Royal Highness, mas aqui em Portugal, I’m sorry to say, só anda descalço quem quer».

É uma atitude pertinente perante uma altura de frânticas exclamações de não sermos a Grécia. O Financial Times e o Economist não são o Reino Unido – são jornais. O que dizem sobre Portugal é escrito por uma ou duas pessoas e lido por poucas mais. Os ditos mercados estariam lixados se dependessem do que lêem nos jornais. Não é só saber que são falíveis. Sabem mais: que, caso seguissem as recomendações que fazem, estariam falidos há muito tempo”.

Serve este excerto de uma das últimas crónicas de Miguel Esteves Cardoso para introduzir o tema que trazemos a reflexão esta semana. E que me perdoem os nossos ouvintes pela insistência nos temas económicos, mas hoje gostaria de falar na crise sempre a crise – sob um ponto de vista diferente: o ponto de vista de como ela é percebida no estrangeiro e de como os portugueses lidam com a forma como falam de nós.

É um clássico afirmar que ligamos em demasia à forma como além fronteiras falam de nós. Mas encontramo-nos numa fase em que se fala particularmente de Portugal no estrangeiro, como de resto há muito não se falava. E pelas piores razões. Basta folhear o Financial Times e o Economist para encontrar logo uma referência aos famosos PIIGS, sigla que identifica as iniciais dos países europeus com economias débeis, que crescem menos que as outras em momentos de prosperidade e são os primeiros a receber o impacto negativo em momentos de crise. São eles Portugal, Itália Irlanda e Grécia. E, apesar de ser indiscutível que a situação lusa não pode ser comparada à grega, também é verdade que nos encontramos numa situação muito delicada, um efeito bola de neve que exige medidas de austeridade sem precedentes. De uma forma muito simplista, qualquer português percebe o seguinte efeito dominó: um Estado gordo e ineficiente é o principal motor de uma economia que importa a maior parte do que consome; contudo, a elevada dívida do Estado impede que este lance novos investimentos públicos ou tão-somente assuma os seus compromissos prévios e pague a horas aos seus fornecedores; por sua vez, estes privados não recebem do Estado e não conseguem financiar-se porque as instituições bancárias não emprestam dado que os juros de financiamento no exterior encontram-se em níveis históricos elevadíssimos; a solução, à falta de melhores, é aumentar impostos, o que origina um aumento da inflação, um menor poder de compra e uma clara tendência recessiva de uma economia já de si débil.

Fácil? Não é, naturalmente. Mas também é evidente que se exagera muito no que se escreve lá fora. E, sobretudo, é verdade que nós, os tugas, continuamos pouco cientes da verdadeira dimensão da crise e a acreditar pouco nos vaticínios que nos colocam numa posição de ruptura. Talvez tão simplesmente porque já estamos habituados. Talvez porque fomos sempre capazes de superar de forma mais ou menos hábil as contrariedades com que nos fomos deparando ao longo da história. Talvez porque simplesmente nunca saímos verdadeiramente da crise.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

publicado por Ricardo às 18:42
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Segunda-feira, 14 de Junho de 2010

Como Joana Vasconcelos pulverizou os números das exposições temporárias em Portugal

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

“Sem Rede”, a mostra antológica da artista plástica Joana Vasconcelos, que esteve patente no Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, até ao passado dia 18 de Maio, conseguiu pulverizar todos os números das exposições temporárias em Portugal. Um verdadeiro sucesso de público, que beneficiou sem dúvida da política de gratuitidade da entrada na exposição e do mediatismo da autora das obras.

“Sem Rede”, de Joana Vasconcelos, conseguiu quase 168 mil visitantes nos dois meses e meio de exposição, batendo o anterior recorde de afluência a uma exposição temporária em Portugal, que pertencia ao blockbuster “A Evolução de Darwin”. A mostra de grande público que explora as raízes do evolucionismo conseguiu 161 mil visitantes quando, no ano passado, esteve patente na Fundação Calouste Gulbenkian. Igualmente mais entradas que a retrospectiva de Amadeo de Souza-Cardoso que, também na Gulbenkian, superou as 100 mil visitas em 2006-2007.

No entanto, a terceira posição nas exposições temporárias mais vistas de sempre em Portugal pertence a Paula Rego que, em 2004-2005, na Fundação Serralves, conseguiu mais de 157 mil entradas. Esta continua a ser, de resto, a exposição mais visitada de sempre no conhecido museu da cidade do Porto, ligeiramente acima da dedicada ao norte-americano Robert Rauschenberg que, em 2007-2008, contabilizou em Serralves mais de 137 mil visitantes.

Como já referimos, parece-nos que o sucesso da exposição antológica de Joana Vasconcelos está essencialmente alicerçado em dois factores. Em primeiro lugar, beneficia claramente da medida de entrada gratuita seguida pelo Museu Berardo. Esta política de captação de novos públicos que, de outra forma, provavelmente, não teriam acesso a este tipo de arte, apesar de poder desequilibrar as comparações com exposições patentes ao público noutros espaços, parece-nos uma excelente medida na atracção e potenciação de visitantes aos nossos museus.

É, contudo, evidente, que não podemos reduzir o sucesso da exposição “Sem Rede” ao facto da entrada ser gratuita. Basta verificar que a mostra de Joana Vasconcelos excedeu em mais de 60 mil entradas as duas exposições até ai mais visitadas no Museu Berardo: a colectiva “Amália, Coração Independente”, dedicada à nossa diva do fado, que, no ano passado, fechou com um balanço superior a 105 mil entradas; e a mostra dedicada à pintora mexicana Frida Khalo que atingiu números semelhantes em 2006, ainda quando o Módulo 3 do Centro Cultural de Belém não era Museu Berardo.

Existe então um segundo grande factor para o sucesso inequívoco de exposição “Sem Rede”, sem dúvida o mais importante de todos. Falamos, obviamente, da enorme qualidade e mediatismo da artista Joana Vasconcelos. São obras que não deixam ninguém indiferente, pela sua originalidade, mas sobretudo pela sua genialidade. Obras mais conhecidas, como “A Noiva” ou “Coração Independente”, ou outras menos mediáticas, mas tão ou mais magestáticas, como “Contaminação” ou “Cama Valium”, todas elas são marcadas pela forma brilhante como a autora transforma objectos do quotidiano em veículos de arte, sempre de uma forma harmoniosa e consistente.

Brilhante, portanto. Uma autora nacional a descobrir e redescobrir. Mais uma pérola da arte portuguesa. Uma obra sem fronteiras, claro está.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

publicado por Ricardo às 10:07
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Sexta-feira, 21 de Maio de 2010

Sobre o Impacto da Mexida no Rating de Portugal por Parte da Standard & Poor’s (II)

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

Na continuação da nossa última reflexão, tentamos hoje perceber o impacto do corte em dois níveis do rating de longo prazo da dívida portuguesa de A+ para A- por parte da agência de notação financeira Standard & Poor’s.

A Standard & Poor's é uma divisão do grupo McGraw-Hill que publica análises e pesquisas sobre bolsas de valores e títulos. É uma das três maiores companhias nesse segmento, ao lado da Moody's e da Fitch Ratings.

A história da Standard & Poor's tem início em 1860, quando Henry Varnum Poor publica o History of Railroads and Canals in the United States. Esse livro foi uma tentativa de compilar o máximo de informações sobre as companhias ferroviárias americanas. Henry Varnum fundou então a H.V. and H.W. Poor Co em parceria com seu filho, Henry William, que passou a publicar edições anuais actualizadas desse livro, divulgando os dados de cada ano.

Em 1906, Luther Lee Blake fundou o Standard Statistics Bureau, tendo em vista o levantamento de informações financeiras sobre companhias não ferroviárias. Ao invés de uma publicação por ano, a Standard Statistics efectuava actualizações mais frequentes.

A Standard & Poor’s, tal como é conhecida hoje, surgiu em 1941 com a fusão da Poor's Publishing (a companhia sucessora da H.V and H.W Poor Co) com a Standard Statistics, tendo então passado por uma reestruturação que a conduziu ao actual modelo de negócios. Em 1966, a Standars & Poor’s foi adquirida pela The McGraw-Hill Companies, se tornando a divisão financeira dessa conhecida editora mundial.

A Standard & Poor's é a mais conhecida e reconhecida agência de rating de crédito. Enquanto tal, fornece ratings de crédito para o défice de companhias públicas e privadas. É uma das muitas agências de rating que foram designadas pela Nationally Recognized Statistical Rating Organization pela U.S. Securities and Exchange Commission.

As classificações da S&P vão de uma escala AAA a D. Os Ratings intermédios são oferecido em cada patamar entre AA e CCC (como por exemplo, BBB+, BBB e BBB-). Para alguns empréstimos, a Standard & Poor’s pode também oferecer informação (credit watch) com a seguinte denominação: positive, downgrade ou negative e uncertain ou neutral.

Apesar de alguma descredibilização actual das agências de rating, sobretudo depois de nenhuma delas ter sabido prever a crise económica mundial despoletada em 2008 pela falência do Lehman Brothers, quer a Standard & Poor's, quer a Moody's, quer a Fitch continuam a constituir as fontes de referência na obtenção dos ratings de crédito das dívidas públicas e privadas. Como tal, um corte nos níveis do rating de longo prazo da dívida de um país como Portugal coloca uma inevitável pressão sobre a dívida, fazendo subir os juros e penalizando os mercados bolsistas.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

 

publicado por Ricardo às 10:05
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Sobre o Impacto da Mexida no Rating de Portugal por Parte da Standard & Poor’s (I)

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

Depois de nas nossas últimas reflexões termos analisado alguns dos factores que estão na base do atraso competitivo português, continuamos hoje a falar de economia. Precisamente porque o assunto não podia continuar a estar mais na ordem do dia. Sobretudo depois de toda a convulsão económica provocada pela descida do rating da dívida pública portuguesa por parte da agência de notação financeira Standard & Poor's.

Analisamos nas nossas duas próximas reflexões o impacto desta decisão da Standard & Poor’s e tentamos perceber como funciona este mecanismo de regulação dos mercados.

O corte em dois níveis do rating de longo prazo da dívida portuguesa de A+ para A- por parte da Standard & Poor’s surge precisamente numa altura em que a pressão sobre a dívida portuguesa faz subir os juros e penaliza a bolsa.

A perspectiva da dívida pública portuguesa mantém-se particularmente negativa. Está inclusive a um passo de cair de escalão, já que o Outlook (ou perspectiva) da Standard & Poor's continua a ser negativo. Se isso acontecer, Portugal passará a ter um rating de "BBB+", igual ao da Grécia. Quanto à divida de curto prazo, o 'rating' português está agora na terceira posição, em A2.

A agência de 'rating' já havia cortado em Janeiro do ano passado o 'rating' de longo prazo da República Portuguesa de AA- para A+ e em Dezembro colocou a economia portuguesa sobre um Outlook negativo.

Esta decisão surge numa altura em que os mercados financeiros estão a penalizar Portugal, essencialmente devido aos receios de contágio vindos da Grécia. Neste grupo de risco encontram-se ainda países como a Espanha ou a Itália. Nas últimas semanas Portugal tem estado particularmente no centro das preocupações, quanto a um eventual incumprimento, elevando o 'spread' da dívida pública a máximos históricos.

Os responsáveis alemães foram os que mais reticências colocaram ao apoio à Grécia. Falamos de mais de 30 mil milhões de euros que serão emprestados pelos países do euro à Grécia, a que se juntam 15 mil milhões de euros que virão do Fundo Monetário Internacional. A Alemanha, responsável pela maior fatia do bolo, veio a público defender mais reformas e maior esforço à Grécia, mas o estado de convulsão social vivido nos últimos dias nas ruas da Grécia vem demonstrando que não será fácil recuperar a economia grega.

Na nossa próxima reflexão tentaremos perceber como funciona o rating da Standard & Poor's.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

publicado por Ricardo às 10:05
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Segunda-feira, 10 de Maio de 2010

Algumas Reflexões Sobre o Atraso Competitivo Português (III)

 

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

O atraso competitivo de Portugal é uma expressão que nos habituámos a ouvir e ler nos últimos anos e que assume uma conotação de um certo fatalismo à portuguesa, como se este nosso fado estivesse escrito nas estrelas por um Deus maior. Concluímos hoje a nossa reflexão sobre os factores históricos que condicionam o eterno atraso competitivo luso.

Eis-nos chegados a 1974 e ao mais importante marco histórico do passado recente português. A revolução de Abril, pondo cobro a uma forte concentração do poder económico num reduzido número de grupos económicos, prometia promover não só uma distribuição dos rendimentos mais igualitária como, através das nacionalizações, permitir acumulação de capital e reforçar a competitividade económica por via estatal. A verdade é que muitos dos objectivos foram irrealistas e as perturbações saídas da revolução provocaram inúmeros conflitos laborais com consequências bastante negativas. O aumento acentuado dos salários reais teve consequências na perda de competitividade de inúmeras unidades industriais, com a perda de produtividade e com consequentes perdas de vendas e de exportações. Destacam-se também a diminuição dos fluxos de turistas e das remessas de emigrantes e a fuga de capitais para o estrangeiro.

Apesar disso, este período fica definitivamente marcado como o início do alargamento da Segurança Social, da criação do Serviço Nacional de Saúde, da melhoria das infra-estruturas de transporte, saneamento e electrificação, importantes factores de desenvolvimento que puderam dotar o país de melhores condições para numa fase posterior aproveitar economias de escala e de proximidade. A aposta nas nacionalizações de empresas privadas veio a revelar-se ineficaz e, depois de 1986, verificou-se uma aposta no reforço da concorrência interna por via de uma crescente vaga de privatizações.

A adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, em 1986, inaugurou um período muito importante para a competitividade nacional. Sob um contexto internacional extremamente favorável, Portugal soube aproveitar algumas das vantagens de que dispunha. A média de crescimento até 1994 cifrou-se nos 4,4% e coincidiu com a resolução dos problemas de desequilíbrios externos (sobretudo no défice da balança de pagamentos) e na promoção da melhoria das condições de competitividade por via da eficiência dos factores produtivos. A estabilidade política ajudou ao aumento do nível de vida nacional, com ganhos nos termos de troca e uma evidente, mas sustentada subida dos salários e pensões, que não colocaram em causa o equilíbrio macroeconómico. A inflação desceu consideravelmente ao longo deste período, bem como a taxa de desemprego. A afluência de Investimento Directo Estrangeiro permitiu dotar as unidades produtivas nacionais de melhor know-how, de capital para investimento e o desenvolvimento de alguns sectores considerados estratégicos, como tão bem diagnosticou Michael Porter no seu estudo da economia nacional.

Tal como no chamado período de ouro da economia portuguesa, também nesta fase foi seguida uma estratégia de promoção das exportações sobretudo por via da desvalorização competitiva da moeda nacional. Esta desvalorização fomentou a competitividade por via dos baixos custos salariais praticados em Portugal face à maioria dos países membros da CEE, recorrendo ao instrumento cambial. Esta estratégia, apesar de servir os interesses da indústria exportadora, foi altamente penalizadora para as importações nacionais e originou uma perda pontual de rendimento disponível por parte das famílias com uma subida ligeira da taxa de inflação.

Com a assinatura do Tratado que instituiu o mercado único europeu e entretanto abdicando da sua moeda em favor do euro, Portugal estabelecia no final dos anos 90 do século passado uma nova orientação para a sua estratégia de competitividade. A perda de controlo sobre a taxa de juro e da taxa de câmbio elevou o orçamento nacional ao mais alto patamar enquanto principal instrumento de política económica.

Portugal enceta, nesta altura, um caminho cujos expoentes para a competitividade passaram a ser a promoção da qualificação dos seus recursos humanos, a aposta na inovação nos produtos e serviços e difusão do conhecimento, bem como a orientação para a concorrência pela qualidade e não tanto pelo preço. Sobretudo após a adesão de novos estados membros, do leste da Europa, a competitividade portuguesa é marcada por um confronto entre os modelos do passado, assentes em custos salariais reduzidos e na promoção de preços competitivos, e a promoção da excelência da sua criação de produtos e serviços inovadores baseados em mais valias das competências dos seus recursos humanos. Esta encruzilhada, num contexto de crise macro-económica à escala global, de regras apertadas em termos orçamentais por via das restrições do Pacto de Estabilidade e Crescimento e de divergências face ao crescimento com os restantes parceiros europeus, hoje mais do que nunca, coloca a competitividade nacional na ordem do dia em termos de prioridade estratégica.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

publicado por Ricardo às 14:05
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Algumas Reflexões Sobre o Atraso Competitivo Português (II)

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

O atraso competitivo de Portugal é uma expressão que nos habituámos a ouvir e ler nos últimos anos e que assume uma conotação de um certo fatalismo à portuguesa, como se este nosso fado estivesse escrito nas estrelas por um Deus maior. Prosseguimos hoje a nossa reflexão sobre o eterno atraso competitivo português.

Como vimos na última semana, a competitividade da economia portuguesa desde a década de 60 até às vésperas da revolução de 25 de Abril de 1974 foi baseada num reforço da industrialização, factor promotor das exportações, sempre com uma necessária abertura ao exterior desde que esta não pusesse em causa a regra de ouro de um orçamento equilibrado. A crescente liberalização comercial resultante da entrada na EFTA (em 1960) e do protocolo estabelecido com a Comunidade Europeia (em 1971), promoveu um desenvolvimento económico baseado nas vantagens comparativas da economia face ao exterior e no estabelecimento de regras especiais nesta relação com os restantes países.

Este quadro político e económico teve como consequência a perda de eficiência dos recursos produtivos utilizados, em face da fraca concorrência sectorial determinada pela lei do condicionamento industrial. A desigualdade na repartição do rendimento era marcante, mas ia ao encontro da opção económica tomada: não estimular a procura interna para restringir as importações de bens e serviços. Ainda que o país tivesse assistido a uma enorme repressão de movimentos, muito por culpa dos processos de descolonização e democratização do país, este período foi, ainda assim, relevante na promoção de infra-estruturas, como a electrificação do país ou a protecção das indústrias nascentes.

O período de 1974 a 1985 fica marcado por um taxa de crescimento económico bastante inferior ao anterior (cerca de 2,5% de crescimento médio), com uma intermitência entre períodos de recuperação e de crise. Muitas das causas que estão na origem de um elevado aumento da inflação (cerca de 13% em 1980) e do desemprego (cerca de 10% em 1980) prenderam-se com o contexto externo desfavorável à economia nacional.

Os dois choques petrolíferos coincidiram em larga medida com a necessidade de estabelecer acordos de estabilização com o Fundo Monetário Internacional. O encarecimento dos produtos petrolíferos provocou um recuo das exportações e uma crescente inflação por via dos custos. Esta situação originou um desequilíbrio nas contas externas, na Balança de Pagamentos, com evidentes repercussões no nível de vida da população nacional e das condições de competitividade.

Mas não só os factores externos estiveram na origem nesta fase de turbulência nas condições de concorrência nacionais face ao exterior.

A descolonização provocou, não só uma diminuição acentuada das exportações para as ex-colónias, mas também um aumento do desemprego e um consequente agravamento das despesas do Estado. Estima-se que tenham entrado em Portugal neste período perto de 600 mil pessoas regressadas das ex-colónias. A sua integração na estrutura produtiva nacional não foi fácil, embora esta entrada também tenha proporcionado a Portugal um reforço do empreendorismo e um aumento do dinamismo da sociedade lusa. 

Prosseguimos na próxima semana a nossa reflexão sobre a história da competitividade lusa.

           

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

publicado por Ricardo às 14:04
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Algumas Reflexões Sobre o Atraso Competitivo Português (I)

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

O atraso competitivo de Portugal é uma expressão que nos habituámos a ouvir e ler nos últimos anos e que assume uma conotação de um certo fatalismo à portuguesa, como se este nosso fado estivesse escrito nas estrelas por um Deus maior. Do mesmo modo, proliferam as receitas milagrosas que, qual panaceia para todos os males, vários cronistas se apressam a fornecer através dos diversos media, prometendo um crescimento “rápido e sustentado”.

Nas palavras de Landes, “a análise económica acalenta a ilusão de que uma boa razão deve ser suficiente, mas as determinantes estão interligadas. As explicações monocausais não funcionarão”. A verdade é que também os factores subjacentes ao atraso de competitividade nacional são múltiplos e com diferentes ponderações. Com efeito, variáveis geográficas, históricas, sociológicas, antropológicas, psicológicas, culturais e até variáveis não racionalizáveis como a sorte interagem e confluem na realidade que conhecemos.

Nas nossas três próximas reflexões analisamos o atraso competitivo português sob uma perspectiva histórica.

A competitividade da economia nacional pode ser dividida em vários períodos, temporalmente bem definidos, de acordo com acontecimentos exteriores e intrínsecos à dinâmica no seio da sociedade portuguesa, cada qual com especificidades próprias.

O período após a 2ª guerra mundial é marcado por uma aposta numa industrialização baseado na substituição das importações. Falamos aqui de um certo proteccionismo, Portugal orgulhosamente só.

O período de 1960 até 1973 fica marcado por um forte crescimento chegando a taxa média de crescimento a 6,9%. Este crescimento foi conseguido muito por culpa da alteração do peso relativo dos sectores de actividade, de equilíbrio macroeconómico e da abertura da economia nacional ao exterior.

Neste período a agricultura perdeu mais de meio milhão de trabalhadores, tendo a indústria recuperado não só no seu peso relativo no que diz respeito ao PIB como conheceu uma maior diversificação, aumentou a sua produtividade e sentiu uma reorganização com vista à exportação. Nos serviços houve lugar a uma alteração na sua composição, com a modernização dos serviços financeiros, de transportes ou nas comunicações.

Os equilíbrios macroeconómicos conseguidos permitiram manter baixa a inflação (cerca de 5%), com um desemprego moderado e finanças públicas equilibradas mesmo com um aumento do lado da despesa em virtude do financiamento da guerra colonial.

A abertura da economia ao exterior permitiu a intensificação de laços de interdependência com as restantes economias europeias. Este movimento de abertura permitiu atrair capitais quer através do Investimento Directo Estrangeiro resultante de um reforço na industrialização para exportação, quer através das Remessas de Emigrantes iniciada na década de 60.

A acumulação de reservas em ouro e divisas permitiu evitar défices orçamentais e proporcionou uma reduzida variação na taxa de juro, bem como a manutenção de uma taxa de câmbio estável. Esta estratégia cambial e orçamental visava introduzir estabilidade às crescentes trocas comerciais no seio da Europa. É evidente que foram necessários sacrifícios nas despesas de saúde, educação ou segurança social, mas Portugal apresentava uma situação sem problemas ao nível do desemprego ou do saldo da Balança de Pagamentos.

A nível interno, o governo de então apresentou Planos de Fomento que promoviam o aumento de investimentos em infra-estruturas, iniciativas estatais na criação de novas unidades produtivas ou benefícios fiscais e de crédito a novos projectos de índole industrial.

Prosseguimos na próxima semana a nossa reflexão sobre a história da competitividade lusa.

           

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

publicado por Ricardo às 14:02
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Os Cinco Anos Sobre a Abertura ao Público da Casa da Música

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

A 14 de Abril de 2005, faz hoje cinco anos, abria as portas ao público, na cidade do Porto, o emblemático e sublime edifício da Casa da Música, obra do arquitecto holandês Rem Koolhaas. A abertura contou com concertos do grupo portuense Clã e do norte-americano Lou Reed. A inauguração oficial ocorreria no dia seguinte, com a presença de Jorge Sampaio, então Presidente da República Portuguesa.

Imaginada para assinalar o ano festivo de 2001, em que a cidade do Porto foi Capital Europeia da Cultura, a Casa da Música é o primeiro edifício construído em Portugal exclusivamente dedicado à música, seja no domínio da apresentação e fruição pública, seja no campo da formação artística e da criação.

O projecto Casa da Música foi definido em 1999, como resultado de um concurso internacional de arquitectura que escolheu a solução apresentada por Rem Koolhaas. As escavações iniciaram-se ainda em 1999, no espaço da antiga Remise, junto a um dos principais eixos de tráfego do centro da cidade do Porto, a Rotunda da Boavista. O lugar onde está actualmente o edifício era usado para recolha e reparação dos carros eléctricos que circulavam pela cidade do Porto.

O custo inicial previsto para a construção, excluindo o valor dos terrenos, era de 33 milhões de euros, acabando por derrapar para os 111,2 milhões de euros e ficando concluída quatro anos depois do prazo inicialmente previsto. A construção do edifício trouxe novos desafios à engenharia, de forma a conseguir a forma geométrica ímpar do imponente edifício.

A arquitectura da Casa da Música foi aclamada internacionalmente. Nicolai Ouroussoff, crítico de arquitectura do New York Times, classificou-o como “o projecto mais atraente que o arquitecto Rem Koolhaas já alguma vez construiu” e como “um edifício cujo ardor intelectual está combinado com a sua beleza sensual”. Compara-o também “ao exuberante projecto” do Museu Guggenheim Bilbao do arquitecto Frank Gehry, na cidade espanhola de Bilbao. Segundo aquele crítico, “olhando apenas o aspecto original do edifício, verifica-se que esta é uma das mais importantes salas de espectáculos construída nos últimos 100 anos”, comparanda-o à sala de espectáculos de Walt Disney, em Los Angeles e ao auditório da Berlim Philharmonic, na capital alemã.

A Casa da Música possui dois auditórios principais, embora outras áreas do edifício possam ser adaptadas para concertos ou espectáculos. O maior auditório tem uma capacidade inicial de 1 238 lugares, mas a sua dimensão pode ser variável. O auditório mais pequeno é completamente flexível, não sendo publicitado um número fixo de lugares, embora possa ser definida uma média de 300 lugares sentados e 650 lugares de pé, dependendo do tamanho e da localização do palco, da disposição das cadeiras e da presença e do tamanho do equipamento de som e de gravação. No topo do edifício, existe um terceiro espaço para espectáculos, projectado para 250 lugares.

Como é dito no seu sítio oficial na Internet, a Casa da Música foi concebida para ser a casa de todas as músicas, integrando-se no processo de renovação urbana da cidade invicta e numa rede de equipamentos culturais à escala metropolitana e mundial. É uma instituição que acolhe um projecto cultural inovador e abrangente e que assume a dinamização do meio musical nacional e internacional, nas mais variadas áreas, da clássica ao jazz, do fado à electrónica, da grande produção internacional aos projectos mais experimentais.

 Para além de concertos, recitais e performances, a Casa da Música promove encontros de músicos e musicólogos, investindo na procura das origens da música portuguesa. Define-se também enquanto plataforma cultural aberta a cruzamentos entre a música e outras áreas de criação artística e de conhecimento, um espaço aberto a todos os públicos e a todos os criadores.

Um local de visita obrigatório para os amantes da música. E não só.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

publicado por Ricardo às 14:01
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Quinta-feira, 8 de Abril de 2010

D. Pedro I – Entre a lenda e o real, uma história ímpar na História nacional

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

A 8 de Abril de 1320, faz amanhã precisamente 690 anos, nascia em Coimbra D. Pedro I, quarto filho do rei Afonso IV e de sua mulher, D. Beatriz de Castela. Cognominado "o Justiceiro", foi o oitavo rei de Portugal. Recordamos hoje a história de D. Pedro, entre a lenda e o real, uma das mais impares e sublimes histórias na História nacional.

Nascido na Lusa Atenas, a 8 de Abril do ano de 1320, D. Pedro foi coroado Rei de Portugal aos 37 anos de idade. Reinou por apenas 10 anos, de 1357 a 1367, como D.Pedro I. Como na época os casamentos eram arranjados desde a tenra idade em função de estratégias e interesses políticos, D. Pedro I e D. Constança, princesa e filha do Infante de Castela, D. João Manuel, vieram a casar-se. A noiva veio para Portugal, acompanhada por um séquito, do qual fazia parte uma aia Galega, chamada Inês de Castro que, segundo as crónicas, "não podia ser tocada de graças mais peregrinas, esbelta, cabelos fulvos...".. Filha do fidalgo Pedro Fernandez de Castro, Inês, segundo os poetas, era uma mulher lindíssima, e o príncipe D. Pedro I depressa se apaixonou perdidamente por ela. E foi por ela que D. Pedro deixou de lado as conveniências de Estado e as reprovações de todos.

A corte considerava uma afronta aquela ligação indecorosa pelos problemas morais e religiosos que levantava, bem como pelo perigo que a influência da família dos Castros de Espanha poderia trazer à coroa portuguesa. As intrigas que chegavam ao Rei D. Afonso IV, apressavam o monarca a agir. Brando de costumes, mas firme de valores, o Rei despacha D. Inês para o exílio próximo à fronteira Espanhola em 1344. A distância, no entanto, em nada alterou a paixão de Pedro e Inês. Com a morte de D. Constança, o Rei tenta, novamente, casar seu filho com uma dama de sangue real, tendo D. Pedro rejeitado a ideia e trazido Inês do exílio para a instalar com ele nas bucólicas margens do Rio Mondego no Paço de Santa Clara, em Coimbra.

Embora D. Afonso compreendesse as razões daquela ligação perigosa, todo o enredo político-social da época levou-o a tomar uma decisão drástica. Em reunião convocada sem a presença de D. Pedro, ficou definida a execução de D. Inês. Apesar de ser mãe de três filhos de D. Pedro, os executores régios, aproveitando a ausência de D. Pedro numa das suas habituais caçadas, entraram no Paço e ali decapitaram Inês com apenas 30 anos de idade.

Inconsolável com a perda de Inês, D. Pedro chegou a declarar guerra ao pai. Dois anos depois, aquando da morte de D. Afonso IV e da sua subida ao trono, D. Pedro diligenciou a captura dos assassinos de D. Inês. Diz a lenda, não documentalmente provada e aparentemente obra de poetas da época, que D. Pedro chegou a fazer coroar rainha D. Inês, obrigando a nobreza, que tanto a tinha desprezado, a beijar-lhe a mão, depois de morta.

Cumprida a sua vingança, D. Pedro I ordenou a translação do corpo de Inês, da campa modesta no Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, onde se encontrava, para um túmulo delicadamente lavrado, qual renda de pedra, que mandou colocar no Mosteiro de Alcobaça. Mais tarde, D. Pedro I mandou esculpir outro túmulo semelhante ao da sua amada, colocando-o em frente ao da sua Inês, para, após a sua morte, permanecer ao lado do seu grande amor.

Homem maduro, experiente e conhecedor do país, Pedro foi amado pelo povo e temido pelos grandes. Fernão Lopes não lhe regateia louvores: alegre, magnânimo, liberal, justo, popular e cavalheiro. No entanto, os historiadores modernos têm visto antes D. Pedro como um homem agressivo e neurótico.

Chamaram-lhe o Cru, ou cruel, e consta que terá sido. Mas foi-o castigando crimes, os mais variados, nas mais variadas pessoas, sempre de uma forma que hoje podíamos dizer democrática. Foi por isso que o chamaram também de Justiceiro. No ano de 1361, faz dos seus filhos com Inês de Castro, D. João e D. Dinis, senhores de Porto de Mós e do Prado. A outro filho mais novo, o bastardo D. João, filho de Teresa Lourenço, faz nomear Mestre de Avis, iniciando a nacionalização das ordens militares e baptizando, sem saber, a dinastia de todos os orgulhos portugueses. Foi assim o “avô” da Dinastia de Avis. Demonstrou ser político muito hábil e previdente, privilegiando sempre a paz do reino, o que conseguiu. O governo de D. Pedro I foi o único do século catorze em que Portugal não conheceu guerras. Faleceu a 18 de Janeiro de 1367.

Eis um misto de história e lenda, imortalizada em poemas, pinturas, musicas, peças, textos e esculturas. O que é facto incontestável é o grande amor que uniu D. Pedro e Inês de Castro, tanto na vida quanto após a morte, continua a encantar o mundo há quase 700 anos. Uma verdadeira história de paixão na História de Portugal - sublime e trágica, demonstrando toda a magia da devoção entre dois amantes.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

publicado por Ricardo às 00:46
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A Criança com Epilepsia

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

A Epilepsia é uma doença caracterizada pela existência de crises anómalas que tendem a repetir-se e que partem de descargas cerebrais. Tratam-se de descargas eléctricas patológicas síncronas de grandes grupos de células cerebrais. Na base deste processo poderão estar factores como uma pré-disposição hereditária, uma lesão orgânica ou uma situação de stress emocional, entre outros. Pode afectar pessoas de todas as idades, mas é sobre a Epilepsia em idade infantil que debruçamos hoje a nossa análise. Como lidar com uma criança com Epilepsia? Quais os sinais de alerta e que estratégias adoptar? Aqui ficam algumas sugestões.

Na Epilepsia, as crises mais frequentes são as convulsões. É o chamado grande mal. Na convulsão há, geralmente, vários estádios:

-         O corpo fica hirto

-         A criança cai sem consciência

-         A cor torna-se escura e os lábios ficam roxos (uma vez que não respira, os músculos respiratórios encontram-se contracturados)

Num período seguinte:

-         A criança é sacudida por abalos

-         A respiração torna-se ruidosa

-         Verificam-se contracções de todos os músculos (poderá morder a língua ou magoar-se quando na proximidade de objectos perigosos)

A pouco e pouco, estas contracções diminuem de intensidade, a criança passa a respirar melhor e o ataque cessa.

Um outro tipo de crise, o pequeno mal, caracteriza-se por uma paragem das actividades ou continuação das mesmas de uma forma imperfeita. Os sintomas são, um olhar vago, uma lentificação ou bloqueio motor e uma ausência de respostas.

É extremamente importante que pais, educadores ou demais pessoas que convivem directamente com a criança epiléptica estejam prevenidos para poder tomar a atitude adequada à situação.

Perante uma crise é sempre aconselhável:

-         Deve manter-se calmo

-         Deve desapertar o cinto à criança ou outros acessórios que o possam constringir

-         Deve evitar sobreproteger a criança

-         Deve evitar a rejeição escolar da criança

-         Deve proporcionar condições de repouso ao doente após as crises

As dificuldades de uma criança com epilepsia são as mesmas de qualquer outra. Contudo, se a frequência das crises aumenta, as dificuldades poderão aumentar e a condição poderá sofrer um agravamento.

O epiléptico necessita de um ambiente equilibrado, seja ele familiar, educacional ou profissional. No caso de uma criança, é particularmente relevante saber lidar em situação de crise, sem dramatizar o momento e actuando em conformidade. Sobretudo quando ocorre em contexto escolar, as precauções devem ser maiores.

Se é um doente epiléptico, familiar ou amigo de uma criança com epilepsia nunca esqueça que própria ansiedade ou um estilo inapropriado dos seus agentes de socialização mais próximos pode desencadear uma crise de Epilepsia.

Não esqueça nunca que o doente Epiléptico pode e deve ser integrado socialmente e fazer uma vida normal.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

publicado por Ricardo às 00:42
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