Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
Na última semana tentámos perceber o que é que valorizam os nossos alunos no momento da escolha de carreira. O que é que norteia a decisão dos alunos no momento da escolha por este ou aquele curso, por esta ou aquela universidade ou instituto. E deixámos a nossa reflexão precisamente na distinção entre dois conceitos muito associados à escolha de carreira. Os conceitos de interesse e de vocação. Analisemos então estes dois termos.
Os interesses profissionais podem ser entendidos enquanto tendências disposicionais para a acção. São “aquilo que eu gosto de fazer” ou “aquilo que eu quero fazer no futuro”. Contudo, confinar a decisão de carreira aos interesses por uma determinada área de actividade baseia-se na assumpção errónea de que o interesse intrínseco numa actividade é a fonte primária de satisfação em qualquer ocupação. É de fácil constatação que essa fonte pode estar mais relacionada com os valores do que com os interesses profissionais, isto é, uma boa escolha pode ter mais a ver com o que cada aluno valoriza no desempenho de determinada profissão do que com o que efectivamente gosta de fazer. Valores como o nível de empregabilidade associado a determinada área de formação, o estatuto adquirido pelo desempenho de uma dada ocupação ou a remuneração auferida em certos cargos profissionais tomam, não raras vezes, precedência sobre outros critérios no manancial da escolha de uma carreira.
O segundo conceito que gostaríamos de trazer a discussão é o conceito de “vocação”, um vocábulo particularmente em desuso, sendo habitualmente substituído pelo termo “carreira”. A noção de “vocação” surge antes da Revolução Industrial e está associada à ausência de especialização de funções, onde a escolha é determinada por um processo de transmissão geracional. A vocação pode ser, portanto, entendida como uma espécie de chamamento. Já o termo “carreira” está relacionado com a concepção do trabalho segundo sequências temporais de organização administrativa e remete para a ideia de uma certa estabilidade (ou seja, a carreira vai-se construindo ao longo da vida). Actualmente, com todos os constrangimentos económicos e sociais, nem podemos falar em escolha por vocação, nem na criação de uma carreira.
Assim, mais importante do que tomar decisões certas, é tornar certas as decisões. De forma a que sejam cada vez menos irreflectidas e arbitrárias. E tal só é possível por via da exploração de informação de carreira. Para evitar que os alunos continuem a decidir no último dia, quando têm os impressos de candidatura nas mãos, qual o destino que colocam como primeira opção, revela-se fundamental a informação actualizada e diversificada sobre cursos e instituições. Apenas a tomada de contacto com material informativo que permita a aquisição de uma grelha pessoal de conhecimentos sobre a diversidade de cursos existentes, evita as decisões por impulso, irracionais e irreflectidas, infelizmente tão comuns.
Quando a empregabilidade do curso é, compreensivelmente, no contexto actual de turbulência do mercado de trabalho e da própria sociedade, um dos aspectos mais valorizados pelos alunos no processo de escolha, a informação fornecida pelas instituições deve incluir dados sobre a inclusão no mercado de trabalho dos recém-licenciados dos diferentes cursos, quer em termos de tempo de espera para o primeiro emprego, quer em termos de instituições empregadoras, condições de trabalho e até de remunerações auferidas. Só recentemente é que o Ministério da Educação começou a manifestar preocupação na divulgação deste tipo de dados, mormente através da indicação de quais os cursos com maior nível de desemprego. Contudo, só poderemos avaliar o impacto deste tipo de iniciativas no processo individual de tomada de decisão num período de médio-longo prazo.
Para todos os alunos do 12.º ano que se encontram, neste momento, indecisos quanto à escolha a efectuar e, por isso, nervosos por antecipação de uma eventual decisão menos boa, deixo duas notas. A primeira para referir que essa ansiedade que possam sentir à medida que se vai aproximando o momento da decisão é natural e adaptativa. Significa que têm maturidade suficiente para perceberem que se trata de uma decisão que condiciona todas as seguintes e que não deve ser, por isso, tomada de ânimo leve. A segunda nota para aconselhar cada um dos decisores a não se deixar abater por essa ansiedade, tentando resolve-la através do acesso à maior quantidade possível de informação de carreira disponível sobre os diferentes cursos e instituições de ensino. De tal forma que a decisão possa ser tudo menos irreflectida ou espontânea e possa antes ser devidamente fundada em argumentos sólidos, mais ou menos subjectivos. Porque a informação é a base para qualquer decisão.
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