Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2009

O Mundo Mudou: A expectativa em torno da eleição de Barack Obama

 

 
Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
 
No passado dia 4 de Novembro, o decisivo dia das eleições norte-americanas, imediatamente antes de sair para Chicago, onde fez o seu discurso de vitória à nação, Barack Hussein Obama terá ligado o seu computador para escrever o seguinte:
"Vou agora para o Grant Park falar com todos os que estão lá reunidos, mas queria escrever-te primeiro. Acabámos de fazer história. E eu não quero que te esqueças como o fizemos. Temos ainda de fazer muito para voltar a por o nosso país nos eixos. Vou voltar a contactar-te sobre o que se segue."
Palavras de Barack Obama. Foi um dos primeiros actos do novo Presidente dos Estados Unidos da América. Minutos depois, todos os que se tinham registado na página de Obama na internet receberam esta mensagem no seu email. A campanha estima que tivessem sido cerca de 3,1 milhões.
É este o melhor exemplo da mudança operada com a chegada de Obama à Casa Branca. Do carisma de Obama.
O Mundo mudou. Um negro a quem, há menos de um século, seria recusada a entrada num café em muitos locais dos Estados Unidos, é hoje o presidente da terra de todos os sonhos. O país em que tantas vezes a realidade se confunde com a ficção. O acontecimento histórico mais marcante à escala global desde o 11 de Setembro volta a questionar quantas vezes a sétima arte foi capaz de antecipar o futuro. Naquela sangrenta tarde de 2001, os directos das televisões a partir de Nova Iorque faziam lembrar aquele filme de ficção científica que jamais algum realizador teria tido coragem de antecipar. Nesta iluminada tarde de 2009, no dia da tomada de posse, a 20 de Janeiro último, os directos das televisões a partir de Washington fizeram lembrar aquele qualquer filme polémico que fazia elencar um actor negro no papel do Presidente da América.
Com a sua empolgante oratória, Obama tocou o Mundo com o seu discurso de tomada de posse. Depois de uma campanha muito orientada para a necessidade de mudança e enformada de um patriotismo místico tipicamente americano, o discurso de do novo presidente dos Estados Unidos foi menos edílico e bem mais realista. Sem deixar de propor o seu projecto histórico comum, Obama colocou a tónica das suas palavras no conceito de responsabilidade e prometeu unir esforços contra a crise económica que assola os cinco continentes. Cortou com o discurso da guerra e do mal que caracterizava a política externa do seu antecessor, George W. Bush, e apelou à união, ao respeito mútuo e ao espírito de parceria bilateral, respeitando contudo os interesses dos dois lados.
O novo líder mundial fez precisamente o que se espera de um líder. Um discurso mobilizador, orientado para a acção e coerente na sua forma e conteúdo. Uma tónica colocada na responsabilização individual e colectiva e na aproximação entre as nações. Por isso, a postura presidencial de Obama faz lembrar grandes líderes como Lincoln ou Kennedy. O seu discurso será tanto mais inscrito na história na medida em que Obama conseguir colocar em prática os ideais proclamados (e já começou a faze-lo nos seus primeiros dias na Casa Branca). Esse lugar na história dos discursos de tomada de posse será tanto maior quanto mais concretizáveis forem as enormíssimas expectativas depositadas no novo Presidente.
A fasquia está bem alta. Demasiado alta, talvez. Mas isso confere a Obama a margem de manobra que necessita. O erro é, como ele próprio admitiu, inevitável. Mas a sua margem de erro é hoje a maior de sempre para um Presidente recém-eleito.
Alguém disse há dias que esta eleição é o culminar de um processo natural e inevitável de amadurecimento da democracia. Alguém disse há dias que esta eleição só podia acontecer num país como os Estados Unidos da América. Alguém disse há dias que esta eleição transforma o eterno sonho americano em realidade. Alguém disse há dias que esta eleição é o "25 de Abril" da América.
 
Até para a semana. Directo à Questão.
publicado por Ricardo às 10:10
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Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2009

Eugénio de Andrade: 86 anos

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
A 19 de Janeiro de 1923, faz agora oitenta e seis anos, nasceu, na Póvoa de Atalaia, concelho do Fundão, o escritor português Eugénio de Andrade. Em reconhecimento pela sua notável obra poética, traduzida para diversas línguas, foram-lhe atribuídos inúmeros prémios literários, tanto em Portugal como no estrangeiro, tendo ainda sido agraciado, pelo governo português, com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada e a Grã-Cruz da Ordem de Mérito. Escreveu ainda inúmeros livros para crianças. Faleceu, com 82 anos, a 13 de Junho de 2005.
Evocamos hoje a poesia de Eugénio de Andrade e a sua visão muito própria do amor e do sentido da existência. As suas palavras permanecem actuais, hoje como sempre. Porque é urgente destruir a guerra e construir um mundo mais solidário e justo. Porque é urgente o amor, é urgente permanecer.

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
 
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
 
Até para a semana. Directo à Questão.
publicado por Ricardo às 09:47
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Quinta-feira, 15 de Janeiro de 2009

A Guerra em Gaza: Haverá razões para acreditar na Paz no Médio Oriente?

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
           
Em 1947, na sede da Organização das Nações Unidas é aprovado um plano de partilha da Palestina em dois estados: um judaico, com um milhão de habitantes, 510 mil dos quais árabes; e um árabe, com 814 mil habitantes, 10 mil dos quais judeus. Jerusalém, cidade santa para três religiões, ficaria com estatuto de cidade internacional.
Um ano depois, a 15 de Maio de 1948, o Estado de Israel é proclamado por David Ben Gurion. No entanto, Israel nasce com fronteiras largamente superiores às aprovadas pela ONU. Era o início do fim para o Estado Palestiniano.
Em 1949, a ONU aprova a Resolução 194, que decide permitir aos refugiados que o desejem o regresso às suas casas, com direito a compensações pela destruição dos seus bens. Contudo, David Ben Gurion, então primeiro-ministro de Israel, decidiu impedir o regresso dos refugiados palestinianos. Actualmente são mais de três milhões.
Na sequência da Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupa o resto da Palestina, onde se incluem a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém-Leste. Ao arrepio da Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, nesse mesmo Verão, a colonização dos territórios ocupados tem início, com a construção de novos colonatos. Actualmente existem mais de 200 mil colonos instalados em colonatos nos territórios então ocupados.
Mais recentemente, em 2005, Ariel Sharon ordenou a retirada unilateral do exército e dos colonos da Faixa de Gaza, mas a ocupação do território, sem interesse estratégico ou religioso para o Estado judaico, nunca terminou completamente. Israel continua a controlar todos os acessos por terra, mar e ar a este pedaço da Palestina: 362 quilómetros quadrados habitados por 1,5 milhões de pessoas. Foi neste território, o mais densamente povoado do mundo, que nasceu o Hamas e eclodiu a primeira Intifada.
Nos últimos sete anos, o lançamento de mísseis e morteiros por parte do Hamas sobre cidades israelitas matou pelo menos 20 civis. Israel retaliou sujeitando a Faixa de Gaza a um duro bloqueio económico, com restrição de entrada de alimentos e medicamentos e cortes de combustível, agravando uma situação humanitária que o Banco Mundial e Organizações Não Governamentais descreveram como "catastrófica". A 4 de Novembro de 2008, Israel assassinou seis membros do Hamas, violando uma trégua, que estabeleceu com o movimento islâmico, sob mediação egípcia, a 17 de Junho do último ano. Era o início de uma violenta tentativa de eliminação do Hamas por parte de Israel, depois da tentativa fracassada de neutralização do Hezbollah no Lí­bano, em 2006.
Teme-se, agora, o pior cenário, que passaria pela eventual abertura de uma segunda frente de guerra por parte do Hezbollah no Líbano, apoiado pela Sí­ria e financiado pelo Irão. O movimento xiita terá cerca de 40 mil mísseis e provou, em 2006, que sabe resistir ao reputadamente mais poderoso exército do Médio Oriente. Outro receio é o da eclosão de uma revolta popular na Cisjordânia, onde Mahmoud Abbas tem sido incapaz de obter significativas concessões por parte de Israel: os colonatos continuam a expandir-se, as incursões militares prosseguem, os checkpoints não são desmantelados e seis milhares de prisioneiros permanecem nas cadeias.
A raiz do conflito em Gaza é, portanto, bem clara. Na minha opinião, também a solução para o conflito é bem clara. Apenas o desmantelamento de todo o sistema de colonatos israelitas e a retirada do exército de Israel para as posições anteriores às ocupações de 1967 poderá por cobro ao conflito, permitindo o reconhecimento do direito do povo palestiniano à edificação do seu Estado, livre, independente e viável, com capital em Jerusalém-Leste, lado a lado com Israel.
No entanto, esta solução, apesar de ideal, está muito longe de ser concretizada no terreno. Dos dois lados, israelita e palestiniano, há quem a procure destruir e inviabilizar. Porque há demasiados interesses em jogo. Os de sempre. Os que motivam todas as Guerras. Falta saber se ainda há esperança no entendimento, se ainda há razões para acreditar na Paz no Médio Oriente.
 
Até para a semana. Directo à Questão.
 
publicado por Ricardo às 17:16
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Terça-feira, 6 de Janeiro de 2009

2008 Filmes (II): Uma retrospectiva pelo cinema em 2008

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
2008 foi um ano em cheio para a sétima arte. Em tempo de balanços, prosseguimos hoje a nossa viagem por alguns dos melhores filmes de 2008.
E um dos grandes filmes do ano é, sem dúvida, “Juno”, a história da gravidez de uma adolescente na América dos nossos dias. Jason Reitman filma “Juno” num tom de comédia descontraída, mas sem esquecer a profundidade e a grandeza de cada personagem. É assim que o drama do mundo real parece suavizado aos olhos do espectador, muito também por culpa do excelente argumento de Diablo Cody. Também o elenco é irrepreensível, com destaque inevitável para Ellen Page na personagem da jovem Juno. Também inevitável é a comparação com “Little Miss Sunshine – Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos”, um dos melhores filmes do género dos últimos tempos, que viaja pelo dia-a-dia de uma família disfuncionalmente hilariante. “Juno”, sem ser tão brilhante como “Little Miss Sunshine”, consegue ser mais uma prova de vitalidade do cinema de parcos meios enquanto fiel retrato do real, por oposição aos blockbusters que inundam as salas de cinema como meras peças de entretenimento, no seu vazio e insipidez.
2008 proporcionou-nos ainda um fascinante mergulho nos bastidores do poder económico americano. Em “Michael Clayton – Uma Questão de Consciência”, o argumentista e estreante realizador Tony Gilroy oferece-nos uma interessante película, marcada pelas notáveis interpretações de George Clooney e de Tilda Swinton, esta última que venceu inclusive o Óscar de Melhor Actriz Secundária.
A nossa selecção de 2008 prossegue com “O Lado Selvagem”, um poderoso filme que marca a estreia do consagrado Sean Penn como realizador. O filme de Penn celebra valores como a coragem, o heroísmo ou a capacidade de sobrevivência diária. A interpretação de Emile Hirsch confere um vigor particular à narrativa, abrindo o véu para um final arrebatador, o culminar de uma acção em que o tempo e o espaço se cruzam de forma determinante.
Também arrebatador é “Jogos de Poder”, filme de Mike Nichols, realizador que já nos premiou com obras marcantes como “Closer” ou “Anjos na América”. À semelhança destes últimos, “Jogos de Poder” está longe de ser um filme consensual e fácil de digerir. Muito pelo contrário, é um filme que consegue ser perturbante na forma sublime como combina o humor e o drama, numa trama complexa e empolgante. E é precisamente isso que o torna num filme único. O argumento marca pontos e o elenco é de luxo, com Tom Hanks e Julia Roberts nos principais papéis. Mas o destaque vai inteirinho para a brilhante interpretação de Philip Seymour Hoffman. Quando achamos que o vencedor do Oscar por “Capote” já não nos consegue voltar a surpreender, eis que Hoffman tira mais um coelho da cartola, desta vez no delicioso papel de um agente da CIA.
2008 marca ainda o regresso de personagens míticas ao grande ecrã, entre as quais se destacam Indiana Jones, John Rambo e o próprio Batman, que faz a sua reaparição em grande estilo em “O Cavaleiro das Trevas”, naquele que é, indiscutivelmente, um dos grandes filmes do ano. Foi o já citado Tim Burton que trouxe Batman para o cinema como ele efectivamente merecia, marcando-o com a sua marca de sensibilidade quase poética, devaneio sombrio e humor aterrorizante. Depois de Burton, Joel Schumacher arrastou o super-herói para um campo mais espampanante, espalhafatoso, até carnavalesco, que pode ter atraído alguns seguidores, mas decerto desiludiu uma boa dose de fãs. “O Cavaleiro das Trevas” é o segundo filme da era Christopher Nolan. Depois de “Batman – O Início”, o realizador inglês volta a trazer o Homem-Morcego às suas origens, às emoções poderosas e desenfreadas da negra e sombria Gotham City. Esta é a receita de sucesso para um filme a mil à hora, com sequências de acção de prender o espectador do primeiro ao último minuto. Com Christian Bale atrás da máscara de Batman, é, contudo, o falecido Heath Ledger que brilha no papel de um Joker sociopata e gravemente perturbado. O Óscar a título póstumo para Ledger seria mais do que merecido e mais do que justo, mas ele seria sobretudo a confirmação de que o cinema perdeu um actor que já há muito deixara de ser uma promessa da sétima arte.
Ao desaparecimento do jovem Heath Ledger, 2008 juntou a perda de consagrados como Paul Newman, Charlton Heston, Sydney Pollack, Anthony Minghella ou Stan Winston.
No final de Fevereiro próximo, na cerimónia dos Óscares, descobriremos quem são os galardoados do ano. Até lá, segue-se a mais rica época cinematográfica do ano, com a estreia em Portugal dos principais candidatos às estatuetas douradas, com destaque para “Revolutionary Road” de Sam Mendes, “Nixon” de Ron Howard, ou “Changeling” e “Gran Torino” do crónico Clint Eastwood. Ao contrário de 2008, em que a cerimónia dos Óscares foi monopolizada por filmes de autor ou de baixo custo, como os já referidos “Juno”, “Haverá Sangue” ou “Este País Não é Para Velhos”, este ano há grandes expectativas depositadas em blockbusters como “O Cavaleiro das Trevas” ou “Iron Man – O Homem de Ferro”. Prometemos voltar a este tema uma vez conhecidos os vencedores do ano, até para perceber se as nossas apostas estavam ou não correctas.
Até para a semana. Directo à Questão.
publicado por Ricardo às 00:58
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2008 Filmes (I): Uma retrospectiva pelo cinema em 2008

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
2008 foi um ano em cheio para a sétima arte. Em tempo de balanços, nas nossas próximas reflexões, fazemos a retrospectiva dos filmes estreados nas salas portuguesas em 2008 para eleger os melhores do ano.
Antes de mais, importa lembrar que os filmes que estrearam em Portugal nos primeiros três meses de 2008 foram a votos nas cerimónias e festivais de 2007. O mesmo é dizer que as principais obras que vamos analisar fizeram parte dos candidatos aos Óscares relativos ao ano de 2007, mas porque somente este ano chegaram aos nossos cinemas, teremos, naturalmente, que inclui-las na selecção de 2008. Importa ainda lembrar que esta é uma selecção subjectiva, baseada em critérios essencialmente pessoais, ou não estivéssemos num espaço de opinião. Esclarecidos tais pontos prévios, aqui fica uma revisitação do melhor cinema de 2008.
E, pois, que o ano em questão teve, em minha opinião, uma verdadeira obra-prima cinematográfica. E, contra todas as expectativas, ela veio dos estúdios Pixar, ou seja, para mim, o melhor filme do ano foi um filme de animação. “Wall-E”, a história de um robot na Terra do futuro, é mais do que um filme, é uma verdadeira lição de vida. Depois de “Ratatui”, o grande filme de animação de 2007, a Pixar apresenta-nos agora uma pérola da sétima arte, um hino ao que de mais mágico existe na vida, uma reflexão sobre a existência humana, sem cair nunca em pretensiosismos ou falsos moralismos. “Wall-E” é isso tudo e muito mais. É uma verdadeira história à moda antiga, fazendo lembrar os grandes clássicos da Disney, mas acrescentando à pureza e imaginação do melhor cinema de animação o inconfundível toque de modernidade dos estúdios Pixar.
Mas 2008 foi, indubitavelmente, o ano de “Mamma Mia”. O fenómeno Abba pulverizou todos os recordes de bilheteira nas salas de cinema nacionais e fez de “Mamma Mia”, de Phyllida Lloyd, um dos filmes mais vistos de sempre em Portugal, com um total de 845 mil espectadores em sala, contra os cerca de 600 mil dos segundo e terceiro mais vistos do ano, “O Panda do Kung Fu” e “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, respectivamente. Não que “Mamma Mia” seja um virtuosismo em termos cinematográficos, muito pelo contrário. Excluindo a fantástica interpretação de Meryl Streep – mais uma! indo de encontro à tal máxima de que tudo em que Meryl Streep toca vira ouro – o filme vive sobretudo da dinâmica criada pelos temas dos Abba, já de si o factor de sucesso do musical que lhe serve de mote.
O mesmo não podemos dizer do grande vencedor dos Óscares. O filme “Este País Não é Para Velhos” consagrou definitivamente o inconfundível estilo de realização dos irmãos Joel e Ethan Coen, depois de obras que tiveram tanto de brilhante como de pouco consensual, de que são exemplo verdadeiras peças de culto como “Fargo”, “Irmão Onde Estás?” ou “O Grande Lebowski”. Dentro do estilo tipicamente americano, “Este País Não é Para Velhos” é um empolgante e arrebatador filme-perseguição num contexto único como é o do western, no qual brilham as fantásticas interpretações de Tommy Lee Jones e de Javier Bardem, este último justamente premiado pela Academia com o Óscar de Melhor Actor Secundário.
Outro estilo de realização tantas vezes esquecido pela Academia e que já há muito merecia ser consagrado é o de Tim Burton, que voltou em grande estilo em 2008 com “Sweeney Todd – O Barbeiro de Fleet Street”. “Sweeney Todd” é definível como um musical de terror, algo já por si muito difícil de definir. Logo, o último filme de Tim Burton só podia ser um verdadeiro exercício de estilo do realizador, entre o negro e o mágico, com mais uma interpretação assombrosa do actor fetiche de Burton. À semelhança do que acontecera com outras obras que só poderiam sair do imaginário do realizador, como “Eduardo Mãos de Tesoura” ou “Charlie e a Fábrica de Chocolate”, Johnny Depp volta a brilhar em “Sweeney Todd”, desta vez explorando o lado mais assombroso do actor e até as suas cordas vocais, demonstrando ao mundo toda a sua versatilidade interpretativa.
Depois de obras marcantes como “Magnólia” ou “Embriagado de Amor”, outro dos realizadores que regressou em grande em 2008 foi Paul Thomas Anderson. Com “Haverá Sangue”, o realizador transmite brilhantemente ao espectador, sem grandes efeitos especiais ou virtuosismos tecnológicos, a luta entre o amor e o ódio, entre o material e o espiritual, entre o global e o local, tendo como base a grande luta que foi a exploração do petróleo no início do século XX. Estamos, pois, perante em filme em estado puro, que celebra a representação e o trabalho dos actores, personificado na figura do inigualável Daniel Day-Lewis, o tal que escolhe a dedo e prepara cada papel ao pormenor e que, por isso, foi mais do que justo vencedor do Oscar de melhor interpretação masculina pela sua assombrosa participação neste “Haverá Sangue”.
Na próxima reflexão, prosseguimos a nossa viagem por alguns dos melhores filmes de 2008.
Até para a semana. Directo à Questão.
publicado por Ricardo às 00:49
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