Segunda-feira, 30 de Novembro de 2009

Cidadania e Multiculturalidade

 

 
Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
 
Unidos na diversidade”. É este o lema para a celebração, no último ano, em 2008, do Ano Europeu do Diálogo Intercultural.
Reconhece-se, de modo geral, que as diversas culturas apresentam em comum determinadas características, por esse motivo denominadas universais. Todas as culturas desenvolvem-se em grupos sociais que estabelecem sempre organizações para a ordem das relações humanas.
A Europa é cada vez mais um espaço de diversidade cultural. O alargamento do número de países, a livre circulação de trabalhadores e a globalização amplificaram o carácter multicultural dos países, designadamente através do número de línguas, religiões, etnias e culturas. O diálogo intercultural dá mais significado ao papel da identidade e cidadania europeia.
O Tratado de Maastricht, conhecido como o Tratado da União Europeia, estabeleceu a chamada Cidadania Europeia. No seu Artigo 17, é dito que é cidadão da União qualquer pessoa que tenha a nacionalidade de um Estado- Membro. Neste sentido, postula o referido Artigo, que cidadania da União é complementar da cidadania nacional e não a substitui.
Os direitos fundamentais conferidos pela cidadania europeia, nos termos da Segunda Parte do Tratado da União Europeia, são a liberdade de circulação e direito de residência no território dos Estados-Membros, o direito de eleger e de ser eleito nas eleições para o Parlamento Europeu e nas eleições municipais do Estado-Membro de residência, o direito à protecção das autoridades diplomáticas e consulares, o direito de petição ao Parlamento Europeu e o direito de se dirigir ao Provedor de Justiça.
Este diálogo intercultural no espaço europeu contribui para um entendimento mútuo, um melhor convívio entre os povos, uma efectiva exploração dos benefícios da diversidade cultural, um verdadeiro encorajamento de uma cidadania europeia activa e um real sentimento de pertença à Europa e, em última instância, ao mundo.
Na diáspora de um mundo global e globalizante, as sociedades multiculturais emergentes não só constituem um desafio, como suscitam a urgência de resposta para problemas como a xenofobia, racismo e nacionalismos exacerbados. Neste contexto, urge estimular os princípios da tolerância, da solidariedade e da inclusão, enfim, uma sociedade ordenada, encarando como um enriquecimento toda a diversidade que a multiculturalidade encerra, tão necessária às exigências do crescimento económico e de equilíbrio da organização social.
Este sistema de relações ordenado a que nos referimos é, a todos os níveis, condição primária de qualidade de vida. E, como já aqui dissemos, o conceito de qualidade de vida está cada vez ligado ao acesso a condições que contribuam para o desenvolvimento pessoal, social, económico e cultural.
Parece um chavão, mas nunca é demais relembrar… Todos diferentes, todos iguais… Unidos nessa diversidade.
 
Até para a semana. Directo à Questão.
 
publicado por Ricardo às 15:01
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Quarta-feira, 18 de Novembro de 2009

Vinte Anos Sobre a Queda do Muro de Berlim

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
 
No dia 9 de Novembro de 1989, há vinte anos atrás, caia o muro de Berlim, e com ele era desmoronado definitivamente o império soviético.
Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte mais de 66 quilos de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. O muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.
Desde que foi construído, até 1989, data da sua queda, o muro de Berlim foi o símbolo da separação dos blocos capitalista e comunista e da «Guerra Fria». Era o ponto máximo da rivalidade das duas potências.
Contudo, nos finais da década de oitenta do século XX, começou o redespertar das nacionalidades, com a desagregação de alguns países como a Checoslováquia e a Jugoslávia, e também  o desejo de reunificação das duas Alemanhas. Os enormes fluxos migratórios da Alemanha de Leste para a Alemanha de Oeste, durante o verão de 1989, tornaram-se impossíveis de controlar. Por isso, a 9 de Novembro de 1989, teve que ser autorizada a livre circulação entre as duas partes de Berlim, e como consequência a destruição do muro. Nessa noite os alemães de um e de outro lado da cidade subiram e dançaram em cima dele. Reinava a alegria, todos festejavam, enquanto vários faixas do muro iam sendo cortadas e deitadas abaixo.
Nesse momento histórico que hoje recordamos, não se deitava abaixo apenas uma parede: a queda do muro de Berlim significava a queda dos regimes comunistas, o fim da Guerra Fria e de toda a tensão mundial e a abertura ao mundo. Na euforia, muita gente não previu as futuras dificuldades por que a Alemanha iria atravessar: fecho de muitas empresas, desemprego, instabilidade, o que viria a despertar movimentos político-sociais, como o neonazi.
Pouco depois, em 1990, as duas Alemanhas reunificaram-se. Para isso contribuiu a ascensão de Gorbatchëv ao poder e o desmoronamento da sociedade Leninista, com a descentralização estatal.
Ainda hoje há quem ande, com saudades, nos escombros, a tentar juntar as pedras.
 
Até para a semana. Directo à Questão.
 
publicado por Ricardo às 10:51
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Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009

Massacre de Santa Cruz: Dezoito anos depois

 

 
Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
 
A 12 de Novembro de 1991, faz amanhã precisamente dezoito anos, no cemitério de Santa Cruz, em Dili, tropas indonésias que ocupavam indevidamente o território de Timor-Leste, dispararam indiscriminadamente contra civis, durante uma homenagem fúnebre a um jovem abatido por elementos daquelas forças. Dezenas de pessoas morreram neste ataque. As imagens deste massacre, ao serem apresentadas nas televisões de todo o mundo, sensibilizaram a comunidade internacional para a dramática situação do povo timorense e contribuíram decisivamente para o processo de independência daquele território.
Foi então no dia 12 de Novembro do ano de 1991 que o exército indonésio disparou sobre manifestantes que homenageavam um estudante morto pela repressão, no cemitério de Santa Cruz, em Díli, capital de Timor. Calcula-se que cerca de 200 pessoas tenham sido mortas naquele fatídico dia. Ainda hoje existem corpos que não foram reclamados, vítimas que não foram encontradas e identificadas. Nunca foi sequer efectuada uma lista das vítimas e dos sobreviventes do massacre.
Até ao 25 de Abril de 1974, Timor era uma província portuguesa. Em Agosto de 1975, Portugal deu a independência a Timor, abandonou a ilha e foi instituída uma Republica pelo líder Xanana Gusmão, líder da FRETILIN - Frente Revolucionária de Timor-Leste. Em Dezembro do mesmo ano, a Indonésia ocupou Timor, tornando a Ilha numa província Indonésia.
Nesta ocupação, o exército indonésio efectuou um verdadeiro genocídio sobre o povo timorense. Bombardeamentos destruíram aldeias inteiras e foram queimadas florestas para limitar o refúgio do exército timorense.
Em 1999, a Organização das Nações Unidas decidiu intervir na região. Soldados australianos, sob a bandeira da ONU, entraram em Timor e encontraram um país completamente incendiado e devastado. Xanana Gusmão, líder da resistência timorense, foi então libertado.
Em 2001, foi ano de eleições presidenciais em Timor e Xanana Gusmão foi consagrado como novo presidente. No ano seguinte, Timor-leste afirmou-se, finalmente, como um país independente. Nascia Timor Lorosae.
No entanto, ainda hoje Timor continua em clima de tensão. O cenário de guerra civil mantém-se, com atentados sistemáticos contra as forças de segurança no país e contra os líderes timorenses.
Dezoito anos depois, aqui fica a mais que sentida e justa homenagem ao povo que, contra tudo e contra todos, nunca deixou de lutar pelos seus direitos. É uma conquista quase diária, que é renovada, dia após dia, na esperança de um futuro melhor. Um direito que assiste a todos os Homens.
Dezoito anos depois, a história não pode nunca ser apagada. E com tanto ainda por fazer, continua a ser necessário acreditar.
 
Até para a semana. Directo à Questão.
 
publicado por Ricardo às 09:55
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Sexta-feira, 6 de Novembro de 2009

Oitenta anos sobre o Crash de 1929: Uma reflexão entre o passado e o presente da economia mundial

 

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.
 
Passam oitenta anos sobre o Crash de 1929. Foi um dos crashes bolsistas mais devastadores da história Americana e mundial. A Quinta-feira negra, o crash inicial, deu-se a 24 de Outubro de 1929. Cinco dias mais tarde, ocorreu a famosa Terça-Feira negra. No dia 29 de Outubro de 1929 estava semeado o pânico geral.
A Quinta-feira negra, e depois a Terça-feira negra, deram origem a uma grave crise económica que se espalhou a todo o mundo industrializado e que se prolongou ao longo de vários anos da década de trinta do século passado. No dia 24 de Outubro, mais de 10 milhões de acções ficaram sem comprador e os preços caíram de minuto a minuto para valores muito abaixo dos que se verificavam na véspera, levando à ruína milhares de accionistas. O endividamento de muitos destes accionistas agora falidos acabou por propagar a crise para a banca, levando numerosas instituições financeiras à falência. Sem suporte financeiro e sem possibilidades de recorrer ao crédito bancário, muitas empresas acabaram também por falir, com a produção nos Estados Unidos a cair em mais de um quarto, atirando para o desemprego milhões de trabalhadores, dando uma dimensão dramática aos custos sociais da crise, só verdadeiramente ultrapassada com as despesas públicas que financiaram a Segunda Guerra Mundial.
Após o crash, o Dow Jones recuperou no início de 1930, mas acabou novamente por cair, chegando ao fundo do grande bear market em 1932. O mercado atingiu o seu ponto mais baixo em 8 de Julho de 1932 e não voltou aos seus níveis pré-1929 até ao final de 1954. Foi com a Quinta-feira negra que começou a chamada Grande Depressão dos anos trinta.
No entanto, apesar de conhecido como a Quinta-feira negra, o dia 24 de Outubro de 1929 nem foi dos dias em que a bolsa mais desceu, nem foi o primeiro dia em que tal aconteceu em 1929. De resto, nesse dia o índice bolsista Dow Jones acabou por cair uns simpáticos 2%, bastante menos do que tinha caído no dia anterior (6%). Por outro lado, a tendência de queda vinha já desde o início de Setembro, altura em que o Dow Jones atingiu o pico. Então aquela fatídica Quinta-feira fica famosa sobretudo pelos momentos de pânico vividos durante a manhã do dia 24, que resultaram numa oscilação de quase 13% do Dow Jones. O pânico foi contido pela notícia de que um grupo de banqueiros estaria disposto a comprar acções para evitar a descida das cotações.
Mas não foi suficiente. A instabilidade era demasiado alta. Era o início do mais famoso crash bolsista da história. Entre altos e baixos, por quase mais três anos, o Dow Jones perdeu cerca de 90% do seu valor.
Oitenta anos depois da época em que o pânico tomou conta de Wall Street, discute-se o fim da crise financeira internacional iniciada em 2007. Os paralelismos são inevitáveis. Segundo Fernando Alexandre, num artigo escrito com Pedro Bação, num artigo publicado no Semanário Económico, em 25 de Outubro de 2009, “embora a história não se repita, a incerteza relativamente à robustez dos sinais de recuperação alimenta o interesse por episódios semelhantes na esperança de neles se encontrarem as respostas que nos faltam”.
O paralelismo entre a actual crise global e a Grande Depressão dos anos trinta está no mecanismo essencial que lhe deu origem: um aumento do endividamento para comprar bens ou acções que se espera que se valorizem de modo a gerar o rendimento necessário para pagar a dívida contraída, mas que se torna incomportável quando o activo comprado deixa de se valorizar da forma esperada.
No entanto, no caso concreto da crise que vivemos actualmente, o aumento do endividamento foi mais complexo e em maior escala. O endividamento não só aumentou para financiar a aquisição de habitações por parte das famílias, mas também o aparecimento de inovações financeiras associado à afirmação de muitas das entidades de crédito que hoje tão bem conhecemos, permitiu aos bancos aumentar o seu volume de financiamento, mas também de endividamento dentro e fora de portas.
A grande diferença entre a crise actual e a despoletada em 1929 nos Estados Unidos é que desta vez as autoridades intervieram fortemente para evitar o colapso do sistema. Não deixaram, portanto, o mercado ditar as suas leis. O futuro dirá se foi a melhor decisão.
 
Até para a semana. Directo à Questão.
 
publicado por Ricardo às 10:17
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