Segunda-feira, 14 de Junho de 2010

Como Joana Vasconcelos pulverizou os números das exposições temporárias em Portugal

Ora viva. Estamos de volta. Directo à Questão.

 

“Sem Rede”, a mostra antológica da artista plástica Joana Vasconcelos, que esteve patente no Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, até ao passado dia 18 de Maio, conseguiu pulverizar todos os números das exposições temporárias em Portugal. Um verdadeiro sucesso de público, que beneficiou sem dúvida da política de gratuitidade da entrada na exposição e do mediatismo da autora das obras.

“Sem Rede”, de Joana Vasconcelos, conseguiu quase 168 mil visitantes nos dois meses e meio de exposição, batendo o anterior recorde de afluência a uma exposição temporária em Portugal, que pertencia ao blockbuster “A Evolução de Darwin”. A mostra de grande público que explora as raízes do evolucionismo conseguiu 161 mil visitantes quando, no ano passado, esteve patente na Fundação Calouste Gulbenkian. Igualmente mais entradas que a retrospectiva de Amadeo de Souza-Cardoso que, também na Gulbenkian, superou as 100 mil visitas em 2006-2007.

No entanto, a terceira posição nas exposições temporárias mais vistas de sempre em Portugal pertence a Paula Rego que, em 2004-2005, na Fundação Serralves, conseguiu mais de 157 mil entradas. Esta continua a ser, de resto, a exposição mais visitada de sempre no conhecido museu da cidade do Porto, ligeiramente acima da dedicada ao norte-americano Robert Rauschenberg que, em 2007-2008, contabilizou em Serralves mais de 137 mil visitantes.

Como já referimos, parece-nos que o sucesso da exposição antológica de Joana Vasconcelos está essencialmente alicerçado em dois factores. Em primeiro lugar, beneficia claramente da medida de entrada gratuita seguida pelo Museu Berardo. Esta política de captação de novos públicos que, de outra forma, provavelmente, não teriam acesso a este tipo de arte, apesar de poder desequilibrar as comparações com exposições patentes ao público noutros espaços, parece-nos uma excelente medida na atracção e potenciação de visitantes aos nossos museus.

É, contudo, evidente, que não podemos reduzir o sucesso da exposição “Sem Rede” ao facto da entrada ser gratuita. Basta verificar que a mostra de Joana Vasconcelos excedeu em mais de 60 mil entradas as duas exposições até ai mais visitadas no Museu Berardo: a colectiva “Amália, Coração Independente”, dedicada à nossa diva do fado, que, no ano passado, fechou com um balanço superior a 105 mil entradas; e a mostra dedicada à pintora mexicana Frida Khalo que atingiu números semelhantes em 2006, ainda quando o Módulo 3 do Centro Cultural de Belém não era Museu Berardo.

Existe então um segundo grande factor para o sucesso inequívoco de exposição “Sem Rede”, sem dúvida o mais importante de todos. Falamos, obviamente, da enorme qualidade e mediatismo da artista Joana Vasconcelos. São obras que não deixam ninguém indiferente, pela sua originalidade, mas sobretudo pela sua genialidade. Obras mais conhecidas, como “A Noiva” ou “Coração Independente”, ou outras menos mediáticas, mas tão ou mais magestáticas, como “Contaminação” ou “Cama Valium”, todas elas são marcadas pela forma brilhante como a autora transforma objectos do quotidiano em veículos de arte, sempre de uma forma harmoniosa e consistente.

Brilhante, portanto. Uma autora nacional a descobrir e redescobrir. Mais uma pérola da arte portuguesa. Uma obra sem fronteiras, claro está.

 

 

Até para a semana. Directo à Questão.

 

publicado por Ricardo às 10:07
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